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Luiz Vaz de Camões, autor d’Os Lusíadas e da Lírica, obras canónicas da poesia portuguesa do século XVI, conhecido também pela sua biografia cheia de aventuras, amores, prisões e autoexílio em África, onde combateu e perdeu um olho. Embora se saiba muito pouco sobre a sua vida, é consensual que nasceu numa família pertencente à nobreza e que frequentou a corte de D. João III. Além disso, ainda se especula que tenha recebido educação clássica, com uma provável passagem pela Universidade de Coimbra.

Sendo natural que a autoria de uma obra como Os Lusíadas ofusque qualquer criação anterior ou ulterior, a verdade é que Camões escreveu igualmente teatro, publicado postumamente, mais propriamente três peças de inspirações diferentes: El-Rei Seleuco, Filodemo e Auto dos Anfitriões. Do ponto de vista temático, as três peças estão agrupadas sob o tema do amor, elemento tão característico no conjunto da obra de Luiz Vaz de Camões. A peça El-Rei Seleuco foi publicada apenas em 1654, narrando a difícil paixão entre Antíoco e Estratonice, sua madrasta. Este texto tem um traço distintivo das restantes peças de Camões, mais propriamente o prólogo escrito em prosa, além da extensão mais curta, uma vez que esta peça tem apenas um ato. Esta peça tem ainda a particularidade de trabalhar o teatro dentro do teatro, tal como fizera António Ribeiro Chiado em Auto da natural invenção, além do Auto dos sátiros, de autoria desconhecida.

A atribuição da autoria nem sempre foi consensual, pois havia dúvidas sobre a origem do texto, havendo críticos que a atribuiriam a Gil Vicente, sobretudo porque a forma de abordar o tema estava mais próximo da estética de Gil Vicente do que da de Camões.

Em suma, esta obra acabou por receber inspirações clássicas, por via de Plutarco e de Gil Vicente.

Por outro lado, Filodemo é uma comédia de costumes que narra a relação amorosa entre Filodemo, um criado, e Dionisa, filha de um fidalgo abastado, além do amor entre Florimena e Venadoro. Neste trabalho assistimos igualmente à mistura entre prosa e poesia, algo que Gil Vicente nunca utilizou ao longo da sua obra. Os críticos de Camões defendem que esta obra tem traços que a aproximam dos romances de cavalaria.

Finalmente, Auto dos Anfitriões, peça escrita a partir de Plauto, tem, desde logo, a alteração no título da obra, na medida em que a peça de Plauto chama-se Anfitrião. Camões terá sido o primeiro autor a mudar o título. A escolha pelo plural indicia que Camões coloca igualmente Anfitrião como aquele que recebe, tal como Júpiter, ou seja, deus e o homem são anfitriões, como se assim unisse o divino e o terreno. Nesta obra encontramos alguns elementos da comédia de enganos, pois Anfitrião, regressado da guerra, encontra Alcmena grávida de Júpiter, tendo este disfarçado-se de Anfitrião para assim poder enganar Alcmena, esposa do general.

As peças de Luiz Vaz de Camões mergulharam em diversas fontes de inspiração, desde o teatro italiano ao teatro clássico, passando pelo teatro ibérico e o de Gil Vicente, uma obra que tocou diversos elementos, mas que nunca viria a ter uma preponderância significativa na história do teatro português, pelo menos se compararmos com a fama e o prestígio que a escrita d’Os Lusíadas lhe granjeou.

Seja como for, 500 anos após o nascimento de Luiz Vaz de Camões, o diálogo entre o século XVI e o nosso continua, neste caso através da releitura assinada por Inês Vaz e Pedro Baptista. O livro Auto das anfitriãs será lançado a 30 de março, inserido na coleção Textos de Teatro.

Conheça aqui as obras de Camões que estão disponíveis na Livraria do Teatro.

 

Ricardo Cabaça

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