Se eu fosse Nina

Através de um trabalho de escrita e dramaturgia, Rita Calçada Bastos estabelece um diálogo de suposições e conjecturas entre uma Nina roubada aos textos A gaivota, de Anton Tchecov, e à sua própria biografia: "O que teria acontecido a Nina, se não tivesse ido viver para Moscovo, para um quarto de hotel, entregue aos delírios da paixão por Trigorin? De que forma as nossas escolhas influenciam o lugar onde estamos?", interroga-se a criadora. Se Eu Fosse Nina reflecte, através de um exercício a solo, acerca do limite entre a ficção teatral e a realidade, o universo de escolhas e a sua consequência práctica, e as próprias camadas de representação: uma ode à resistência. Uma personagem presa dentro de um teatro e uma actriz que a quer salvar. Tudo em frente a um espelho demasiado turvo, que não nos devolve uma imagem límpida. Como revelou a autora e encenadora numa entrevista ao jornal Público, em Março de 2021, a propósito da estreia deste projecto na sala virtual do Teatro Municipal São Luiz, esta é uma personagem que existe também no meio de um nevoeiro e de uma indefinição existencial: "Essa ideia de nevoeiro e de confusão moveu-me muito na escrita, através desta necessidade de encontrar várias vozes para tentar salvar esta personagem, esta actriz, esta autora". (65 páginas)